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Insetos na emissora

Todos os dias, a formiga chegava cedinho à rádio e pegava duro no trabalho. Só ia pra casa muito tarde. A formiga era produtiva e feliz. O coordenador de emissora, Sr. Marimbondo estranhou a formiga trabalhar sem supervisão. Se ela era produtiva sem supervisão, seria ainda mais se fosse supervisionada. Colocou uma barata, que tinha muita experiência em relatórios, mas não tinha entrado antes numa emissora, como “supervisora de programação sênior”.

A primeira preocupação da barata foi a de padronizar o horário de entrada e saída da formiga. Logo, a barata precisou de uma secretária para ajudar a preparar os relatórios e contratou também uma aranha para organizar os arquivos e controlar as ligações telefônicas da emissora.

O marimbondo ficou encantado com os relatórios da barata e pediu também gráficos com indicadores e análise das audiências que eram mostradas em reuniões e mais reuniões que duravam o dia inteiro. A barata, então, contratou uma mosca, e comprou um computador com impressora colorida. Logo, a formiga produtiva e feliz, começou a se lamentar de toda aquela movimentação de papéis e reuniões!

O marimbondo concluiu que era o momento de criar a função de “gestor de emissora junior” para a área onde a formiga produtiva e feliz, trabalhava. O cargo foi dado a uma cigarra, que mandou colocar carpete no seu escritório e comprar uma cadeira especial. A nova gestora cigarra logo precisou de um computador e de uma assistente (sua assistente na emissora anterior) para ajudá-la a preparar um plano estratégico de melhorias na transmissão e pesquisa de opinião linear e um controle do orçamento qualitativo que aplicara na pensão onde trabalhava anteriormente. A formiga já não cantarolava mais e cada dia se tornava mais aborrecida.

A cigarra, então, convenceu o gerente marimbondo, que era preciso fazer um estudo de audiência prévia. Mas, o marimbondo, ao rever as cifras, se deu conta de que a unidade na qual a formiga trabalhava já não rendia como antes e contratou a coruja, uma prestigiada consultora que nunca tinha trabalhado em rádio, para que fizesse um diagnóstico da situação.

A coruja permaneceu seis meses nos escritórios e emitiu um volumoso relatório, com vários volumes que concluía: Há muita gente nesta emissora! E adivinha quem o marimbondo mandou demitir? A formiga, claro! Porque ela andava muito desmotivada e aborrecida…

Texto  de Ruy Jobim, diretor da ER

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