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Lula e o risco do improviso

Antes de começar a ler este texto, peço que não o leve para o lado da política. Não é sobre política. Não escrevo sobre política.

Que falar em público é um desafio você já sabe.

Imagine uma pessoa que realizou toda sua existência falando em público e se expondo como Luiz Inácio. Era apenas um metalúrgico que subiu degraus falando e conversando. Deve se sentir confiante e certamente não treme no púlpito como nós trememos. Experiência é tudo nessa hora. Mesmo assim vem cometendo verdadeiros desastres quando fala de improviso e principalmente em relação à política externa.

Vivemos um tempo que ser " Um Lula" não basta. É preciso, mais que experiência, é preciso ter conteúdo. Falo em minhas aulas que falar em público é tão perigoso como jogar xadrez. Há anos era subir ao palco, ser aplaudido e falar o que desejava. Hoje não. Um aluno, uma diretora de RH ou um candidato ao cargo de síndico ... todos precisam estar preparados. Não é estar bem vestido. A preocupação com o conteúdo precisa ser levada em consideração por conta de quem está na plateia consumindo suas ideias e opiniões. Ninguém mais é bobo e a informação está na palma da mão.

Na véspera de ser "persona non grata", quando leu um discurso na assembleia da União Africana, a avaliação é de que a fala usou um tom correto a respeito do conflito (não era improviso - estava escrito), mas no dia seguinte falou de improviso e não jogou xadrez:

"O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus".

A comunicação está cada vez mais difícil e cada vez mais interessante. Pessoas preparadas não são medidas pela quantidade de vezes que sobem ao palco, mas pela quantidade de informação coerente que propagam.


Por Ruy Jobim

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