top of page

DIP: quando o governo passou a falar mais alto no rádio (1939–1945)

O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) foi o órgão do Estado Novo responsável por centralizar a propaganda oficial e controlar o que saía na imprensa, no rádio, no cinema e no teatro. Ele nasceu em 27 de dezembro de 1939, por meio do Decreto-Lei nº 1.915, que já entregava ao DIP a função de censura e até previa uma estação radiofônica própria do órgão.


O que isso significou para o rádio

  • Censura prévia: roteiros, letras e programas precisavam de aprovação do DIP antes de ir ao ar. O Decreto-Lei 1.949/1939 chega a dizer que “qualquer… irradiação pública depende de aprovação do respectivo programa pelo D.I.P.”.

  • Unificação de mensagem: em 1935, surge o Programa Nacional, que em 1938 vira a obrigatória Hora do Brasil – a base do que conhecemos hoje como A Voz do Brasil (tradicionalmente das 19h às 20h).

  • Idioma controlado: antes mesmo do DIP, o governo já vinha apertando o cerco. Em 7 de fevereiro de 1938, o DNP (antecessor do DIP) proibiu transmissões em língua estrangeira no território brasileiro – medida de nacionalização em clima pré-guerra.


Rádio Nacional, rede e “voz oficial”

Durante o Estado Novo, o governo transformou a Rádio Nacional em vitrine de alcance nacional. Em 1940, houve a encampação da emissora, integrando-a à estrutura estatal; a Nacional virou peça chave para irradiar conteúdos alinhados ao governo e sustentar redes obrigatórias.


Quem comandava?

O primeiro diretor do DIP foi Lourival Fontes, jornalista sergipano que já dirigira os órgãos antecessores do departamento. Seu papel foi articular propaganda, padronizar linguagem e imprimir no rádio um tom patriótico – a “fala oficial” do período.


Linha do tempo

  • 1931–1938 – órgãos de propaganda são criados e reformados (DOP → DPDC → DNP).

  • 1939 – nasce o DIP (DL 1.915).

  • 1940 – Rádio Nacional encampada e usada como vitrine do projeto.

  • 1945 – DIP é extinto e substituído pelo DNI (DL 7.582, de 25/05/1945).


Por que isso importa (ainda) para quem estuda comunicação

  • Padrões de locução: o período consolidou um jeito “oficial” de falar ao microfone, com dicção limpa, textos patrióticos e formato informativo centralizado.

  • Ética e regulação: estudar o DIP é entender limites entre interesse público, propaganda e liberdade de expressão – tema que volta e meia reaparece em debates atuais.

  • História do nosso ofício: o rádio cresceu como mídia de massa no Brasil sob forte intervenção estatal. Conhecer esse contexto ajuda a ler criticamente o passado e o presente.



Fontes

Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação
bottom of page