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Fim dos filtros no Instagram.


Se não houvesse os filtros que costuma usar, Marina Ohayon, de 32 anos, acredita que não apareceria com tanta frequência nos Stories do Instagram. O recurso poupa o tempo da atriz, que, preocupada com a imagem, iria se sentir obrigada a usar mais maquiagem. “É cansativo precisar passar por todo um processo para me sentir apresentável em uma foto ou numa gravação de poucos segundos”, comenta a paulistana criada no Rio. E protesta: “Não gostei da decisão de acabarem com os efeitos criados por usuários a partir do ano que vem.”

Em agosto, a Meta, que gerencia a rede social, anunciou que encerrará, em 14 de janeiro de 2025, as atividades da Meta Spark, plataforma na qual marcas e criadores de conteúdo elaboram os próprios efeitos de realidade aumentada. “É parte de nossos esforços para focar em produtos que vão atender melhor às necessidades de nossos consumidores e clientes corporativos. Estamos comprometidos em tornar a transição a mais tranquila possível”, comunica, em nota.


Os recursos que se manterão após a mudança, no entanto, ainda são um segredo. A Meta não confirmou se os filtros tradicionais com nomes de cidade, como o Rio, Oslo e Paris, ainda estarão na grade de ferramentas. Tampouco informou o número de efeitos sob propriedade da empresa disponíveis na rede. Mas uma coisa é certa: as agências contratadas por influenciadores e marcas para a criação e programação vão precisar oferecer outros serviços, como adianta Bruno Santos, fundador da Agência Cyborg. “Já estávamos reparando esse movimento da Meta. Por isso, começamos a focar em outras tecnologias, como a inteligência artificial. Isso realmente nos gerou um grande prejuízo, porque esse trabalho era o nosso carro-chefe”, diz.

Maquiador profissional há 15 anos, G Junior decidiu ter um filtro para chamar de seu em 2020. A proposta, além de melhorar o engajamento de seu perfil com 50 mil seguidores, era justamente ajudar os usuários a não depender tanto de make na criação de conteúdo, com uma leve correção de pele. Até o ano passado, o efeito tinha ultrapassado oito milhões de impressões. Porém, apesar de lamentar a perda do recurso, ele enxerga vantagens. “Fico triste, porque foi um investimento que será perdido. Por outro lado, em alguma medida, nos favorece, porque as pessoas se acostumaram com deformidade facial. Mesmo com maquiagem, há clientes que tiram fotos filtradas.”

Tornar o ambiente virtual “menos filtrado”, logo, menos tóxico, é entendido pela psicóloga Daniela de Oliveira como uma medida saudável. “Os efeitos mostram uma variação de nós mesmos que é impossível de ser alcançada, e, em casos mais radicais, uma dismorfia, distúrbio de imagem”, adverte. “Tem gente que chega numa clínica de cirurgia plástica com uma foto com filtro como modelo. Isso é muito perigoso.”

Sobre a ansiedade e o alívio que a novidade pode causar, a psicóloga explica que cada indivíduo vai lidar de uma maneira com o fato de precisar aceitar a imagem crua no on-line. “Podem não ser as emoções mais agradáveis, mas servem para organizar algo para nós. Precisamos ter atenção a esse aspecto, porque estamos sempre preocupados com desempenhos.”


A criadora de conteúdo Joana Nolasco, de 41 anos, ficou temerosa. “Nem sempre temos uma boa luz nos eventos, e os filtros dão essa ajudinha. Não vejo problema nos que não alteram o rosto, tudo precisa ser usado com moderação”, comenta.

Já a engenheira civil Suellen Peixoto, de 27 anos, defende a nova diretriz do Instagram, após um período de “obsessão com uma perfeição impossível de ser alcançada”. De um ano para cá, ela voltou a prezar por sua aparência natural nas fotos, sem tanta preocupação com manchinhas no rosto. “Nunca fui de editar e usar filtros, e minhas amigas sempre me sugeriam isso. Quando cedi, percebi o quanto me fazia mal. Uma selfie não vale o meu bem-estar.”

E você que leu até aqui? O que acha da decisão?

Fonte: Globo.com

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